Plástico nos oceanos ameaça vida marinha
Há décadas, cientistas alertam que o lixo plástico prejudica aves, tartarugas, focas, golfinhos e baleias. Um novo estudo trouxe dados concretos sobre quantos fragmentos são necessários para causar a morte desses animais.
A pesquisa analisou milhares de casos para estabelecer limites letais específicos para diferentes espécies. Os pesquisadores tomaram 10.412 autópsias de animais mortos como base para as suas análises.
Esse extenso trabalho permitiu identificar padrões consistentes na ingestão de plástico por vida marinha. Além disso, o estudo categorizou os tipos de materiais mais perigosos para cada grupo animal.
Metodologia da pesquisa abrangente
O estudo analisou 1.537 aves marinhas de 57 espécies diferentes. Também foram examinadas 1.306 tartarugas de sete espécies distintas.
A pesquisa incluiu ainda 7.569 mamíferos marinhos de 31 espécies variadas. Os resultados mostraram que 21,5% dos animais continham algum tipo de plástico em seu trato digestivo.
Esse percentual representa mais de um quinto de todos os espécimes analisados. Por outro lado, a distribuição desse material variou significativamente entre os diferentes grupos.
Aves marinhas e borracha sintética
Limiar letal para aves
Seis fragmentos do tamanho de uma ervilha de borracha sintética atingem o limiar letal para aves marinhas. Essa quantidade relativamente pequena pode causar obstruções fatais no sistema digestivo.
Tipos de plástico ingeridos
As aves consomem majoritariamente plásticos rígidos, que representam 92% dos casos analisados. Esses materiais são particularmente perigosos porque não se decompõem facilmente.
Consequentemente, permanecem no organismo por longos períodos.
Tartarugas e plásticos flexíveis
Risco de morte para tartarugas
342 pedaços do tamanho de uma ervilha de plásticos flexíveis representam 90% de probabilidade de morte para tartarugas marinhas. Esse número elevado reflete a capacidade desses animais de ingerir grandes quantidades.
Principais materiais ingeridos
Tartarugas ingerem plásticos flexíveis em 69% dos casos e materiais de pesca em 58% das ocorrências. Tartarugas marinhas confundem sacolas plásticas com águas-vivas, sua presa natural.
Essa confusão visual explica a alta incidência de ingestão acidental.
Mamíferos marinhos e detritos
Perigo para grandes mamíferos
Para mamíferos marinhos de grande porte, o perigo maior vem dos detritos de pesca. 28 pedaços menores que uma bola de tênis de detritos de pesca bastam para matar uma baleia-cachalote.
Esses materiais podem causar estrangulamento ou obstrução intestinal.
Fontes de contaminação
Mamíferos marinhos se contaminam principalmente com equipamentos de pesca, que aparecem em 72% dos casos estudados. Redes, linhas e outros aparatos de pesca abandonados representam risco particular para espécies maiores.
Além disso, esses animais frequentemente ficam emaranhados nesses materiais.
Impactos diferenciados por espécie
O estudo revelou que cada grupo animal responde diferentemente aos diversos tipos de plástico. Enquanto aves são mais vulneráveis à borracha sintética, tartarugas sofrem com materiais flexíveis.
Mamíferos marinhos, por sua vez, enfrentam maiores riscos com equipamentos de pesca. Essas diferenças refletem os hábitos alimentares e características anatômicas de cada espécie.
A pesquisa fornece bases científicas para políticas de conservação mais específicas. Dessa forma, pode-se direcionar esforços de proteção conforme as particularidades de cada grupo.
