Quando os gibis viraram novela
Em 24 de junho de 1985, a Rede Globo lançou a novela Roque Santeiro. A produção era uma adaptação da peça O berço do herói, de Dias Gomes.
A emissora havia tentado gravar a novela ainda em 1975, mas foi impedida pela censura. Dez anos depois, a nova tentativa se tornou um estrondoso sucesso de audiência.
Paródia nas tiras de jornal
Nesse contexto, os personagens da Turma da Mônica começaram a parodiar Roque Santeiro nas tiras publicadas diariamente. As histórias humorísticas mostravam as crianças envolvidas com o universo da novela.
Essa abordagem permitia que os leitores se identificassem com os temas em discussão, aproveitando o momento cultural.
As tiras que imitavam a TV
Parodiar grandes sucessos da dramaturgia não era novidade para a Turma da Mônica. Era comum as tiras da série Cebolinha usarem fatos do momento como assunto.
Dessa forma, as histórias ganhavam atualidade e relevância, conectando os personagens ao cotidiano dos leitores.
Diferença das paródias anteriores
As paródias de Roque Santeiro tinham uma característica peculiar. Enquanto em outras paródias os personagens “viviam” o universo homenageado, aqui tudo se passava no próprio mundinho da Turma.
Eram as crianças brincando de novela na rua, sem caracterização – fora um ou outro adereço.
Os personagens comentam a trama
No dia 20 de agosto de 1985, na Folha de S.Paulo, Mônica comentou sobre a atuação de Regina Duarte como a viúva Porcina. A citação mostrava como os personagens dialogavam com elementos específicos da novela.
Essa intertextualidade reforçava o vínculo com os fãs, incorporando referências que o público reconhecia.
Diálogos sobre o desenrolar da trama
Mais tarde, em 19 de outubro, Mônica perguntou ao Cebolinha se a novela foi ficando muito pesada para eles. O diálogo sugeria que as crianças estavam acompanhando o desenrolar da história.
Essa abordagem lúdica permitia abordar temas complexos de forma acessível, refletindo sobre o conteúdo da novela.
O gibi que nunca voltou
As tiras foram reunidas no gibi As melhores piadas do Roque Sambeiro. Ele se tornou o sétimo volume da coleção As melhores piadas.
A coleção tinha previsão inicial de seis números, mas o sucesso das paródias garantiu sua continuidade.
Estrutura da coleção e raridade
Cada número era dedicado às tiras de um personagem específico:
- Mônica
- Cebolinha
- Cascão
- Chico Bento
- Bidu
- Penadinho
Depois de Roque Sambeiro, a série continuou até o número 18. No entanto, o material específico da paródia nunca foi republicado, tornando-se uma raridade entre colecionadores.
O legado das piadas
Posteriormente, os “filhos” de Mauricio se mudaram para a Editora Globo. Lá, a série recomeçou como As grandes piadas.
Essa transição marcou uma nova fase para as coletâneas de tiras. A mudança editorial não alterou a essência do conteúdo humorístico.
Repercussão atual
Atualmente, Roque Santeiro está sendo reprisada pelo canal Viva. Isso reacende o interesse pela novela original e suas paródias.
As tiras da Turma da Mônica permanecem como testemunho de um momento único na cultura popular brasileira. Elas representam o encontro criativo entre quadrinhos e televisão.





