Declínio sem precedentes na população
Na ilha subantártica da Geórgia do Sul, a maior população de elefantes-marinhos-do-sul sofreu um declínio populacional sem precedentes. Pesquisadores do British Antarctic Survey (BAS) mostraram em novo estudo uma queda de 47% no número de fêmeas reprodutoras após a chegada do vírus HPAI H5N1.
Isso representa aproximadamente 53 mil fêmeas desaparecidas em toda a população da Geórgia do Sul.
Em anos típicos, vemos variações de cerca de 3 a 7% entre um ano e outro. Observar quase metade da população reprodutiva ausente é algo sem precedentes, segundo os pesquisadores.
Algumas colônias apresentaram quedas superiores a 60%, indicando um impacto desproporcional em determinadas áreas.
Essa situação alarmante levou os cientistas a intensificarem o monitoramento das populações remanescentes. A continuidade do declínio poderia ter consequências irreversíveis para a espécie.
Monitoramento por drones revela devastação
Tecnologia de vigilância aérea
Pesquisadores compararam a população total de fêmeas reprodutoras antes e depois do surto viral. Monitorando as três maiores colônias de elefantes-marinhos da Geórgia do Sul via drones aéreos, foi possível documentar a extensão dos danos.
Por meio de veículos aéreos não tripulados (VANTs), Bamford e sua equipe realizaram levantamentos aéreos da fauna da ilha subantártica. O trabalho já estava sendo feito desde 2022, o que permitiu comparações precisas.
Foi possível comparar as imagens das praias antes e depois da chegada do vírus.
Áreas da ilha atingiram taxas de mortandade superiores a 70% causadas pelo H5N1. Esses números confirmam a gravidade do surto entre os mamíferos marinhos.
Expansão do vírus para mamíferos
Mudança no padrão de infecção
Inicialmente detectado em aves, essa nova forma do H5N1 passou a infectar uma ampla variedade de mamíferos, incluindo focas e leões-marinhos. O vírus devastou um grupo na Península Valdés, na Argentina, matando mais de 17 mil filhotes de foca.
Quase 97% dos recém-nascidos do grupo foram mortos pelo surto viral. Essa alta mortalidade entre os mais jovens preocupa os pesquisadores, pois afeta diretamente a capacidade de recuperação das populações.
A transmissão entre espécies diferentes representa um novo desafio para o controle de doenças na vida selvagem. Esse comportamento inesperado do vírus exige novas estratégias de monitoramento.
População vulnerável à infecção
Falta de imunidade natural
As amostras de sangue das focas analisadas são, em grande parte, negativas para os anticorpos do H5N1. A maioria da população ainda não foi exposta ao vírus, o que indica vulnerabilidade significativa.
Muitas das espécies de focas encontradas na Antártica e nas regiões subantárticas são endêmicas e só podem ser encontradas nesses locais. Essa característica aumenta o risco de extinção local caso o vírus continue se espalhando.
A falta de imunidade natural na população torna esses animais particularmente suscetíveis a novos surtos. Os pesquisadores alertam para a necessidade de vigilância contínua.
Implicações para conservação marinha
Ameaça à biodiversidade
O declínio populacional observado entre os elefantes-marinhos representa uma ameaça significativa à biodiversidade marinha. Como espécies-chave no ecossistema antártico, sua redução pode desequilibrar toda a cadeia alimentar.
As colônias afetadas incluem algumas das maiores agregações reprodutivas conhecidas da espécie. A perda de milhares de fêmeas reprodutoras compromete seriamente a capacidade de recuperação populacional.
Os pesquisadores continuam monitorando a situação para entender melhor a dinâmica da doença. Os dados coletados serão essenciais para desenvolver estratégias de conservação adequadas.





