Uma nova funcionalidade em desenvolvimento pelo Google pode colocar o número de identificação única do seu celular, o IMEI, diretamente na tela de bloqueio. A descoberta, baseada em código encontrado no aplicativo de Segurança Pessoal da empresa, sugere uma mudança de postura que visa auxiliar na recuperação de dispositivos, mas reacende um antigo debate sobre privacidade e segurança digital.
A implementação permitiria que qualquer pessoa acessasse essa informação sensível sem necessidade de senha, um cenário que divide especialistas.
O que o código revela sobre a funcionalidade
Análises técnicas realizadas no aplicativo Google Segurança Pessoal apontam para a inclusão de uma opção intitulada ‘Informações do dispositivo’. Segundo os dados disponíveis, essa ferramenta permitiria que usuários visualizassem o número IMEI de seus aparelhos a partir da tela de emergência, sem a necessidade de desbloquear o telefone.
Atualmente, não existe nenhuma forma de acessar ou verificar esse código diretamente pela tela travada, exigindo que o proprietário entre no sistema ou consulte a caixa do produto. A fonte não detalhou quando ou se a funcionalidade será lançada oficialmente para todos os usuários.
Uma reversão na política da empresa
Esta possível novidade representa uma contradição direta com a posição anterior mantida pelo Google. No passado, a empresa rejeitou um pedido de usuários para implementar um recurso semelhante, alegando riscos à segurança.
Na ocasião, a gigante de tecnologia citou a natureza sensível das Informações Pessoalmente Identificáveis, conhecidas pela sigla PII, como motivo principal para manter o IMEI oculto em dispositivos bloqueados.
A mudança de rumo, ainda em fase de testes, indica uma reavaliação interna sobre o equilíbrio entre conveniência e proteção de dados.
O argumento a favor da mudança
Facilitação para autoridades
Os defensores da medida enxergam um benefício claro para a sociedade: facilitar o trabalho de autoridades. Com o número IMEI visível na tela de bloqueio, agentes da lei poderiam identificar e devolver aparelhos perdidos ou roubados com mais agilidade.
Esse processo simplificaria a logística de restituição de bens, poupando tempo tanto das vítimas quanto das forças de segurança. A funcionalidade se alinharia, portanto, a um esforço maior de utilidade pública.
As preocupações com a privacidade
Riscos de segurança cibernética
Por outro lado, a facilidade de acesso levanta sérias preocupações entre especialistas em segurança cibernética. O principal temor é que atores mal-intencionados possam fazer mau uso do identificador, que se tornaria facilmente acessível.
Números IMEI são geralmente tratados como Informações Pessoalmente Identificáveis, o que os coloca na mesma categoria de dados sensíveis que merecem proteção. Existe a possibilidade, segundo as análises, de que esses códigos sejam utilizados de forma indevida por hackers ou, em muitos casos, até mesmo por agências policiais.
O dilema entre conveniência e risco
O cenário coloca o usuário comum no centro de um dilema moderno. De um lado, a praticidade de uma ferramenta que pode ajudar a recuperar um bem valioso em caso de perda.
De outro, a exposição de uma chave única do aparelho a qualquer pessoa que o segure, potencialmente abrindo brechas para:
- Rastreamento não autorizado
- Clonagem de dispositivos
A decisão final do Google, portanto, não será apenas técnica, mas também ética, pesando o valor social do recurso contra os potenciais abusos à privacidade individual. A empresa ainda não se pronunciou oficialmente sobre os planos para esta funcionalidade.
O que esperar dos próximos passos
Enquanto o código permanece em fase de desenvolvimento, a comunidade aguarda mais detalhes sobre como a Google pretende mitigar os riscos apontados. Especialistas sugerem que, se a ferramenta for adiante, ela pode vir acompanhada de:
- Camadas adicionais de segurança
- Avisos claros sobre o uso da informação
A implementação, caso confirmada, provavelmente será gradual, permitindo que a empresa colete feedback e ajuste o recurso antes de um lançamento amplo. O desfecho deste capítulo servirá como um termômetro para as prioridades da empresa no delicado equilíbrio entre inovação e proteção do usuário.





